Eduardo Pires está contente com seu atual momento profissional. Depois
de dois anos fora do ar, o ator recebe o reconhecimento do público
juvenil ao interpretar o professor Vicente da novela “Rebelde”,
permanecendo no elenco da segunda temporada. Aos 31 anos, ele poderia
ser confundido com um dos alunos da trama, devido à aparência de mais
jovem. Por enquanto, garante que parecer mais novo não tem atrapalhado
sua carreira.
Nessa entrevista a QUEM, o ator, que pensa bastante enquanto dá suas
respostas na busca pelas palavras que melhor traduzam o que quer dizer,
fala sobre o namoro de quase dois anos, a vontade de formar uma família,
o início da carreira, o assédio das fãs, a cena de beijo em Daniel de
Oliveira no filme “Cazuza – O Tempo Não Para” – no qual ele interpretou
Serginho - e conta o motivo que o levou a se tornar vegano. Leia o que
Eduardo respondeu sobre cada um desses assuntos:
Início da carreira
“Eu estava no 2º ano do Ensino Médio e imitava os professores. Onde eu
estudava tinha muita gente ligada às artes, música e teatro. Umas
colegas de turma diziam ‘você tem talento, deveria fazer teatro’, mas
não dei muita bola. No terceiro ano prestei vestibular, não passei, no
ano seguinte fiz cursinho e não passei. Não estava muito a fim de
Arquitetura, então fiz um curso de teatro para ver se eu gostava. No
final o professor convidou algumas pessoas para produzir
profissionalmente a peça, e nesse meio tempo entrei para a CAL (Casa de
Artes de Laranjeiras). Fiz uma participação em ‘Carga Pesada’ (2003) e
no ano seguinte estreei em novelas em ‘Começar de Novo’”.
Apoio familiar
“Quando escolhi essa profissão não teve nenhuma tempestade, mas meu pai
virou e falou: ‘tem que estudar, tem que ler muito e se dedicar. Não
quero que você vire um vagabundo’. Ele tinha medo que eu ficasse de papo
pro ar. Como nunca fui um malandrinho, ele acreditou em mim e me
apoiou. Quando fiquei sem trabalho, sem dinheiro, tive muito apoio da
minha família. Fiquei na casa da minha mãe no período que estive
desempregado.”
Novela
‘Rebelde’ é um trabalho muito especial para mim, o reconhecimento está
sendo enorme! É um público muito fiel e empolgado, que compra revista,
se interessa pelos atores, não só pela novela. O Vicente é um personagem
muito carismático, ele é poético, em parte cômico, muito rico. Estava
precisando trabalhar, fiquei uns dois anos sem fazer novela, queria
voltar. Bati na porta da Record pedindo emprego, dizendo ‘preciso
trabalhar, por favor’. Me apresentaram ‘Rebelde’, fiquei muito feliz,
sabia que era uma novela com muito potencial. Tenho muita gratidão pela
Record, não canso de falar isso com o peito aberto, tenho o maior
carinho e respeito possível.”
Comédia ou drama?
“(pensa). Gosto das duas coisas, tenho verve para as duas, transito bem
entre os dois gêneros. Não sou um comediante, mas sou um ator que faz
comédia. Acho que fiz mais drama.”
Assédio
“A novela aproxima muito as pessoas, elas vêm falar comigo como se
fossem íntimas, acho muito legal. A fama não me deslumbra, não é o meu
objetivo. Há pessoas que gostam disso, que se satisfazem. Faz parte da
minha profissão, preciso disso também para ser reconhecido, então uso de
forma muito pragmática. Já chegou gente para falar comigo quando eu não
estava num bom dia. Não fui tão simpático como deveria, mas não tratei
mal.”
Beijo gay no filme “Cazuza”
“Não teve dificuldade, e a possível reação do público nem me passou pela
cabeça. Era o meu trabalho, para mim não é um bicho de sete cabeças.
Não sou homossexual, sou hétero, era uma boca, e isso não me afetou em
nenhum momento. Era a boca do Daniel de Oliveira, não tive nojo, nem
fiquei constrangido. Era um sonho para mim fazer o filme, um divisor de
águas na minha vida, meu primeiro trabalho com aquelas dimensões de
alcance e de profissionais. Estava trabalhando com Sandra Werneck,
Walther Carvalho, Andrea Beltrão, seria um pecado se eu tivesse receio,
não poderia estar ali se tivesse algum tipo de trava para fazer o
Serginho.”
Vegano
“Assisti a uma palestra sobre poder da mente, física quântica e, em
determinado ponto, o palestrante disse que o homem do terceiro milênio
não comeria mais os animais, pois hoje em dia a indústria agropecuária
causa muito sofrimento a eles. Como sempre gostei de animais, decidi não
comer mais o que vinha deles. Umas amigas me indicaram o filme ‘A carne
é fraca’, tem no Youtube. Além do sofrimento dos animais, há um dano
ambiental que você não faz ideia. As queimadas na Amazônia poluem mais
que todos os veículos do mundo juntos, e 90% das queimadas lá são para
criação de gado. Não posso contribuir com essa destruição toda, não
posso contribuir com esse comércio. Fora os malefícios que isso causa
para a saúde, que não sabemos quais são, ao ingerir carne de frango e de
porco, por exemplo,com essa quantidade de anabolizantes e remédios. A
criação de Chester então, é demoníaco, é absurdo. Não tenho mais
estômago, não desce, olho para uma carne e me trava a garganta. Daí
decidi não comer animais. Não uso couro, dei roupas,sapatos e carteiras
de couro, doei tudo para o Instituto de Defesa dos Animais do Rio, para
arrecadarem fundos em bazares.”
Aparência mais jovem
“As pessoas sempre ficam surpresas (ao saberem que ele tem 31 anos),
muito (risos). É relativo (pensa). Até agora não tem me atrapalhado, não
pego personagem que tem aparência de mais velho, mas pego o que tem
minha aparência. Para o Vicente eu queria ter um aspecto de mais idade.
Mas não tem atrapalhado. Uma hora vou parecer velho. Quando tiver 40 vou
parecer 30, não tem jeito.”
Vaidade
“Sou vaidoso sim, gosto de me cuidar. Agora dei uma relaxada, estou sem
fazer exercício há quase um ano, isso me incomoda, pois vejo meu corpo
fora de forma. Isso pela aparência, de olhar no espelho e pensar ‘olha,
que barriga’. É uma questão de autoestima, de não estar me amando. E
gosto de me vestir bem.”
Namoro
“(pensa). Está fazendo 1 ano e 9 meses. Nos conhecemos assim: para fazer
o Vicente, quando eu soube queele era fotógrafo, fui fazer um curso de
fotografia básico. Estava no workshop, um amigo me viu falando do curso e
ele estava com um projeto de intervenções urbanas meio teatral, meio
artes plásticas na rua e chamou algumas pessoas para fotografar, para
ter a visão de cada um do trabalho. Ele queria fotografar atores
modificando locais de passagem, como pontos de ônibus. Quem estava com
ele era a Cinthia (atriz). Na hora que ela veio e começou a falar, me
apaixonei. Comecei a frequentar a casa dela. Depois que tudo acabou, me
chamaram para fazer parte desse coletivo artístico, formaram a equipe
‘Pause’. A gente acabou ficando e namorou. Depois fizemos outros
projetos, como uma exposição de artes plásticas no Circo Voador.”
Casamento?
“Tenho planos de casar com ela, mas não agora. Conversamos seriamente
sobre isso. Achamos que não é o momento ainda, precisamos sedimentar
algumas coisas na profissão e na relação. Filhos eu quero, mas mais para
a frente ainda, ela já tem um filho. O Leo tem 5 anos e me adora,
treino ser amigo dele. A minha disposição para com ele é de afeto,
amizade, carinho. Fiz questão de ter essa postura, porque ele tem pai
muito presente na vida dele, um ótimo pai.”
Romantismo
“Eu já fui mais romântico, hoje em dia... No começo do namoro, a gente é
mais. Mesmo assim mando mensagens pelo celular dizendo que amo, passo
de surpresa na casa dela ra jantar em um lugar legal. E levo o chocolate
que ela gosta".
Horas vagas
"Gosto de ir ao teatro, sair para jantar com minha namorada, com amigos,
ler. Já escrevi versos e poesias para mim. Não tenho a menor vontade de
virar escritor ou poeta, sei que minha onda não é essa. E faço terapia
há 3 anos por causa do sofrimento, angústia, neurose da existência, de
não estar conseguindo viver essa vida".
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